sábado, 1 de outubro de 2011

IRENA SENDLER - MULHER EXTRAORDINÁRIA


Francisco Miguel de Moura

Minha mãe já dizia: “O bocado (o prêmio) não é para quem merece, mas para quem logra”. Assim aconteceu com Irena Sendler. Ela passou a ser conhecida pela mídia, em 2008, visto que em 2007 foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz. Perdeu para Al Gore, político e ativista ecológico norte-americano, autor de um ou dois livros, mais algumas palestras e promoveu um concurso milionário para quem inventar o melhor aparelho para limpeza do ar.

Irena Sendler tinha sido apenas uma humanitarista, uma assistente social polonesa que, durante a 2ª Guerra Mundial, conseguiu salvar, dos campos de concentração nazista, 2.500 crianças judias, contrabandeando-as para fora do gueto. Contava ela com a ajuda de uma instituição chamada ZEGOTA, que tinha apenas duas dúzias de membros. Irena Sendler simpatizava com os judeus, seguindo a tradição de seu pai, que, morreu em fevereiro de 1917, vítima do tifo, quando tratava pacientes abandonados por seus colegas, por serem judeus.

Irena Sendler nasceu em Varsóvia, Polônia, em 15 de fevereiro de 1910 e faleceu no dia 12 de maio de 2008, aos 98 anos de idade, na mesma cidade de Varsóvia. Católica, após a morte de seu pai, líderes da Comunidade Judaica se ofereceram para pagar a educação de Sandler. Ela se opôs ao sistema que existia em algumas universidades polonesas pré-guerra e, como resultado, foi suspensa por três anos da Universidade de Varsóvia.

A atividade social de Irena Sendler, claro, não podia ser legal, nem de acordo com o governo e as leis de Hitler. Assim, trabalhando no Gueto de Varsóvia como especialista em canalização, ela trazia crianças escondidas no fundo de sua caixa de ferramentas e levava também um saco de serapilheira na parte de trás de sua caminhoneta, para crianças de maior tamanho. Outra coisa importante: Levava um cão, na parte traseira do carro, a quem ensinara bem a ladrar aos soldados nazistas, na entrada ou na saída. Os soldados não queriam nada com cães brabos. E eram esses latidos que encobriam o choro das crianças. Ela mantinha um registro com o nome de todas as crianças que conseguia tirar do Gueto, e guardava tais anotações num frasco enterrado debaixo de uma árvore do seu jardim. No fim da Guerra, tentou localizar os pais sobreviventes e reunir a família. Quando não era possível encontrar alguns, porque a maioria tinha ido para as câmaras de gás, conseguia casas de acolhimento ou pais adotivos.

Quando, em 20/10/1943, os nazistas souberam da atividade humanitária clandestina de Irena Sandler, prenderam-na e levaram-na para a prisão de Pawiak, onde foi torturada, quebraram os ossos dos pés e das pernas, mas não conseguiram quebrar a sua determinação. Foi condenada à morte. Enquanto esperava pela execução, um soldado alemão levou-a para um ‘”interrogatório adicional”. Ao sair gritou-lhe em polaco “Corra!”. No dia seguinte, Irena encontrou seu nome na lista dos polacos executados. Os membros da ZIGOTA tinham conseguido deter a execução de Irena, subornando os alemães, e ela continuou a trabalhar com uma identidade falsa.

Já passaram mais de 60 anos que a 2ª Guerra Mundial terminou, mas ninguém deveria esquecer que foram 6 milhões de judeus e 20 milhões de russos assassinados, massacrados, violados, mortos à fome e a gás, humilhados – entre os quais grande número de cristãos e sacerdotes católicos. Assim, é inacreditável que ainda exista alguém que elogia Hitler, até mesmo no nosso Brasil. Incrível também é que sejam, às vezes, pessoas que se mantêm em algum cargo administrativo ou atividade política. E também gente que proclama que o Holocausto é um mito.

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